Perda da biodiversidade chegou a ‘nível perigoso’, diz estudo.
Em 58% da superfície terrestre,
sobrevivência de ecossistemas está ameaçada, segundo análise publicada na
'Science'
Em 58% da superfície
terrestre, a perda da biodiversidade está abaixo do “limite seguro”, afirma
estudo publicado na edição desta sexta-feira da revista Science.
De acordo com levantamento feito por uma equipe internacional de cientistas, a
queda da biodiversidade ameaça os ecossistemas do planeta, colocando em risco
processos essenciais à sobrevivência humana, como a polinização das plantas, a
decomposição de resíduos e a regulação do ciclo de carbono. É a primeira vez
que os efeitos da perda da biodiversidade são quantificados de forma tão
detalhada – e o resultado, de acordo com os cientistas, é preocupante.
“O nível de perda da biodiversidade é
substancial o suficiente para questionar a capacidade dos ecossistemas de
suportar as sociedades humanas”, afirmam os pesquisadores no estudo.
Para chegar a esse resultado, os cientistas liderados por
Tim Newbold, da University College London, na Inglaterra, analisaram mais de
2,3 milhões de registros de 39.100 espécies de 18.600 regiões do globo, de
várias épocas. Os dados revelaram que a biodiversidade, em todo o planeta, caiu
para 84,6% (o total, 100%, seria a taxa antes da ocupação humana). Se
considerado o surgimento de novas espécies, a porcentagem aumenta para 88%. O
cálculo é baseado na proposta de que um ecossistema deve preservar até 90% da
biodiversidade para que seu funcionamento seja garantido – assim, perdas
maiores que 10% estariam além do “limite seguro”. Outros estudos, contudo,
aceitam a perdas de até 30%.
Segundo o novo estudo, nove dos quatorze
biomas da Terra ultrapassaram o “limite seguro”. Os mais comprometidos são as
pradarias (regiões onde costuma ser cultivada a maior parte dos produtos
agrícolas) e os menos afetados são a tundra e as florestas boreais. Nos
ecossistemas mais danificados , a reprodução e crescimento de seres vivos, bem
como a produção de nutrientes é incerta.
“Sabemos que, em várias partes do mundo nos
aproximamos de uma situação na qual uma intervenção humana poderia ser
necessária para manter as funções do ecossistema”, afirmam os pesquisadores no
artigo.
Perdas
Apesar de ser o mais detalhado estudo sobre a
biodiversidade apresentado até o momento, o método empregado pelos cientistas
tem limitações. A pesquisa é baseada em análises sobre como a superfície mudou
e quantas espécies desapareceram – mas ainda há dúvidas a respeito de qual
seria o “limite seguro” para as perdas. Um artigo do cientista Tom Oliver, da Universidade de
Reading, na Inglaterra, publicado junto com a nova análise, discute esse
parâmetro. O autor afirma que, apesar das incertezas, se não houver qualquer
ação para preservar a biodiversidade, teremos um “futuro com custos
substanciais para o bem estar humano”.
Postado por: Giovana M. de Araújo